Mais do que resolver
problemas de emergência e explicar as dificuldades de relacionamento ou
aprendizagem dos alunos, seu papel é ajudar na formação dos professores
Muito se tem falado sobre o
papel do coordenador pedagógico. Afinal, por que ele é necessário? Quem dera
coordenar fosse simples como diz o dicionário: dispor segundo certa ordem e
método; organizar; arranjar; ligar.
O coordenador pedagógico,
muito antes de ganhar esse status, já povoava o imaginário da escola sob as
mais estranhas caricaturas. Às vezes, atuava como fiscal, alguém que checava o
que ocorria em sala de aula e normatizava o que podia ou não ser feito. Pouco
sabia de ensino e não conhecia os reais problemas da sala de aula e da
instituição. Obviamente, não era bem aceito na sala dos professores como alguém
confiável para compartilhar experiências.
Outra imagem recorrente
desse velho coordenador é a de atendente. Sem um campo específico de atuação,
responde às emergências, apaga focos de incêndios e apazigua os ânimos de
professores, alunos e pais. Engolido pelo cotidiano, não consegue construir uma
experiência no campo pedagógico. Em ocasiões esporádicas, ele explica as causas
da agressividade de uma criança ou as dificuldades de aprendizagem de uma
turma. Hoje o coordenador organiza eventos, orienta os pais sobre a
aprendizagem dos filhos e informa a comunidade sobre os feitos da escola.
Mas
isso é muito pouco. Na verdade, ele se faz cada vez mais necessário porque
professores e alunos não se bastam. Além das histórias individuais que todos
escrevemos, é preciso construir histórias institucionais. É duro constatar a
fragilidade de tantas escolas que montam um currículo e uma prática efetiva
durante anos e perdem tudo com a transferência ou a aposentadoria de
professores. Construir história nos torna humanos, e é de estranhar que,
justamente na escola, tantas vezes tudo recomece do zero. O coordenador
eficiente centraliza as conquistas do grupo de professores e assegura que as
boas idéias tenham continuidade.
Além
do que se passa dentro das quatro paredes da sala de aula, há muito mais a
aprender no convívio do coletivo - no parque, no refeitório, na rua, na
comunidade. A dinâmica nesses espaços deve ser ritmada pelo coordenador. É
preciso lembrar ainda que só quem não está em classe, imerso naquela realidade,
é capaz de estranhar. E isso é ótimo! É do estranhamento que surgem bons
problemas, o que é muito mais importante do que quando as respostas aparecem
prontas.
Só
assim é possível que o coordenador efetivamente forme professores (e esse é o
seu papel primordial). Ampliando a significação do dicionário, eu diria que no
dia-a-dia de uma instituição educativa é preciso:
- dispor segundo certa ordem e método as ações que colaboram para o
fortalecimento das relações entre a cultura e a escola;
- organizar o produto da reflexão dos professores, do planejamento, dos planos
de ensino e da avaliação da prática;
- arranjar as rotinas pedagógicas de acordo com os desejos e as necessidades de
todos; e ligar e interligar pessoas, ampliando os ambientes de aprendizagem.
Esse
é o sentido de ser um bom coordenador, não de uma instituição, mas de processos
de aprendizagem e de desenvolvimento tão complexos como os que temos nas
escolas. Que os que desejam se responsabilizar por essa importante função vejam
aqui um convite para criar um estilo de coordenar.
Fonte: Revista Escola –
Profª. Silvana Augusto
Outra imagem recorrente desse velho coordenador é a de atendente. Sem um campo específico de atuação, responde às emergências, apaga focos de incêndios e apazigua os ânimos de professores, alunos e pais. Engolido pelo cotidiano, não consegue construir uma experiência no campo pedagógico. Em ocasiões esporádicas, ele explica as causas da agressividade de uma criança ou as dificuldades de aprendizagem de uma turma. Hoje o coordenador organiza eventos, orienta os pais sobre a aprendizagem dos filhos e informa a comunidade sobre os feitos da escola.
- dispor segundo certa ordem e método as ações que colaboram para o fortalecimento das relações entre a cultura e a escola;
- organizar o produto da reflexão dos professores, do planejamento, dos planos de ensino e da avaliação da prática;
- arranjar as rotinas pedagógicas de acordo com os desejos e as necessidades de todos; e ligar e interligar pessoas, ampliando os ambientes de aprendizagem.